RELEMBRANDO A CONFEITARIA E CAFÉ GUAIRACÁ

RELEMBRANDO A CONFEITARIA E CAFÉ GUAIRACÁ

"O Guairacá era um tradicional ponto da avenida Luiz Xavier e foi inaugurado em 1928, quando no edifício do Palácio Avenida instalou-se a Casa do Mate, sob o patrocínio do Instituto do Mate, para funcionar como uma requintada confeitaria que fizesse "jus à então nobre erva".

Guairacá, ao firmar a flecha no chão, bradou: 'Esta terra tem dono'. Passou para a história do Paraná. Desconhece-se quem quis homenagear o índio demarcador dando o seu nome à luxuosa confeitaria. O certo é que ela também fez história. E quantas!

Foram vários os seus proprietários. Willian Winkel a administrou nos tempos de casa sofisticada. Sucederam-se os Gaesel, Angelucci e Toledo, Campilongo, Barreto e Cordeiro. Sob os cuidados de Miguel Martins e Olímpio Soares, 'Guairacá' fechou as portas.

Universitários, intelectuais, políticos de expressão, militares da ativa e da reserva ... O 'Bar e Café Guairacá' manteve-se sofisticado e ao mesmo tempo popular. Habitualmente, aí se encontravam muitos oficiais. Por mais uma vez, em caso de emergência, a 'convocação' se estendeu até o bar-restaurante!

Ficaram famosas as brigas que lá ocorriam entre militares da PM e do Exército. E também dos civis valentões da Curitiba dos anos 40-50. [...].
Entre os muitos artistas que faziam do 'Guairacá' seu ponto de aperitivo diário: Bento Mossurunga. cabeleira branca, tranqüilo, geralmente carregando uma pasta com partituras, passava horas no bar, tomando seu chope gelado - exigência rigorosa! Mossurunga considerava o poema sinfônico 'Guairacá' como uma das suas melhores obras. Mas não o fez em homenagem ao decantado endereço etílico da Avenida. É uma outra história ...

Durante cinqüenta anos, registrou momentos de vertiginosa evolução de Curitiba, instantes de glória da cinelândia, alegrias e tristezas escritas no tilintar dos copos. No dia 25/05/1979, fechadas as suas portas 'Guairacá' recolhia para sempre farta documentação humana. Era meia-noite!

 Para o jornalista Aramis MILLARCH (1983): 'A Guairacá, dentro da crônica curitibana passou por várias fases, desde o mais sofisticado salão de chá, na Belle Époque do final dos anos 1920, até o restaurante-expresso, no final dos anos 1970, quando teve seus dois últimos proprietários, emigrados portugueses que receberam na época Cr$ 800 mil de indenização do Bamerindus e fecharam o estabelecimento.'

'O Bar e Café Guairacá servia doces, sorvetes, petiscos, pizzas, pratos à la carte de excelente qualidade', na opinião do entrevistado sr. Nireu Teixeira. Ele lembra que na Guairacá havia um trio de cordas que tocava, deixando o ambiente muito agradável. Havia também a "turma da Guairacá", um grupo de homens que costumavam se reunir para conversar e degustar os acepipes servidos."

(Compilado de: teses.ufpr.gov.br / Maria do Carmo Marcondes Brandão Rolim  Bares e Restaurantes de Curitiba)

Paulo Grani

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