ALARGAMENTO DA MARECHAL DEODORO

ALARGAMENTO DA MARECHAL DEODORO

Histórica foto do alargamento da Rua Marechal Deodoro, Curitiba, realizado no final da década de 1960, na gestão do prefeito Ivo Arzua.

Encontrei este registro sobre o alargamento da Marechal Deodoro:

"Ivo Arzua foi o responsável por mudanças importantes em Curitiba, entre elas, o alargamento da Avenida Marechal Deodoro, no centro.  Ele foi prefeito de Curitiba por duas vezes. Na primeira, foi eleito no ano de 1962 e governou a cidade até 1966. E logo a seguir foi reconduzido à prefeitura, desta vez em eleição indireta pela Assembleia Legislativa. Ficou no cargo até março de 1967, quando assumiu a função de ministro da Agricultura. Em Curitiba, foi um dos principais responsáveis pelo Planejamento Urbano da capital.

Em entrevista gravada em maio de 1997, que está na íntegra na coleção de livros “Memória Paranaense”, ele disse:

José Wille – O senhor fez o alargamento da Marechal Deodoro em vários trechos.

Ivo Arzua – Da Marechal Deodoro inteiramente e da Marechal Floriano, entre a praça Carlos Gomes e a Tiradentes. A Cruz Machado foi aberta e alargada, e também a Tobias de Macedo e um trecho da Rua XV, entre a Muricy e a praça Osório.

José Wille – Em 1964, o congestionamento não existia,  mas sem estas obras futuramente surgiriam problemas para a cidade.

Ivo Arzua – Exatamente! Tínhamos que preparar Curitiba para o futuro, porque o planejamento consiste nisso – prever o futuro. E nós tínhamos que prever, no mínimo, 30 anos do progresso de Curitiba, o que foi feito. [...]. Para aprovar o planejamento nós debatemos com o povo e, com as críticas incorporadas, nós o mandamos à Câmara. Nos debates públicos, convocávamos obrigatoriamente três classes: a imprensa, os estudantes e os vereadores. Todos estavam exatamente a par do projeto de elaboração do plano da cidade e criou-se uma consciência curitibana sobre a importância de um plano urbanístico. O povo deu o seu apoio e o plano está aí até hoje."

(Extraído de: Portal Memória Brasileira/José Wille)

(Foto: Arquivo Gazeta do Povo)

Paulo Grani

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