RELEMBRANDO OS FOTÓGRAFOS LAMBE-LAMBE Os fotógrafos lamb-lambe eram fotógrafos anônimos, populares e intuitivos, que desenvolviam suas atividades profissionais em praças, ruas e jardins públicos. Até poucos anos atrás, era muito comum encontrá-los, encapuzados e quase fundidos à caixotes sobres tripés. Eles lambiam as chapas de vidro que capturavam a imagem – depois ela era transferida para um papel. Apenas um lado da lâmina era revestido pela emulsão sensível à luz, e essa camada era invisível. Lambendo, o fotógrafo sentia o lado mais áspero, em que a língua colava, e isso guiava o posicionamento do vidro na câmera – cada clique consumia uma nova chapa. Estes fotógrafos ambulantes começaram a surgir nas primeiras décadas do século 20, exercendo a sua atividade ao ar livre. Procurados para registrarem momentos especiais, ou para tirar retratos para documentos do tipo 3x4, os lambe-lambes se transformaram em figuras tradicionais do cenário urbano. A ferramenta de trabalho destes antigos fotógrafos era uma caixa de madeira sobre tripé, cujo equipamento tinha a função de bater as chapas e revelá-las ali mesmo. Além de ser utilizada para o registro fotográfico, esta servia, também, como mostruário, sendo as suas laterais cobertas de fotos. Após ser batida, a fotografia do lambe-lambe era revelada e copiada dentro do mesmo caixote que sustentava a lente. Na realidade, podemos afirmar que, em seu interior, havia um micro laboratório. Ao entrar na "casaca" (o pano preto), o fotógrafo obtinha o seu negativo no escuro. Esta rotina era a mesma de um laboratório comum da época, porém num espaço ínfimo, onde a paciência do fotógrafo permitia viabilizar, graças à sua destreza, o produto tão esperado pelo seu cliente: a fotografia. Ao desenvolver a sua atividade em espaços públicos, os lambe-lambes foram testemunhas oculares das transformações tecnológicas e do crescimento das cidades que foram tornando o papel do lambe-lambe obsoleto, permanecendo apenas o saudosismo de uma época presente no imaginário das pessoas que compartilharam essas vivências no espaço público da urbe. Profissão legada geralmente por herança e de tradição familiar, era basicamente regida pela intuição e por amor, sendo esta a forma genuína como os lambe-lambes se relacionavam com suas toscas e pesadonas máquinas nas praças, jardins e parques. (Fotos: Wikipedia, pinterest, internet) Paulo Grani

 


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